segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mercado Imobiliário - Algumas designações

03:57
Em muitos momentos do nosso dia a dia tratamos de conceitos característicos ao mercado imobiliário, no entanto, nem sempre é do conhecimento dos nossos interlocutores algumas das designações usadas, mesmo que apenas sejam do cotidiano e não designações técnicas. Desta forma, acredito ser interessante descrever alguns destas designações usadas, ou todos saberiam dizer o que é “incorporação imobiliária”, o que seria VGV, INCC, IGPM, CUB, “especulação imobiliária” e a tal “bolha imobiliária”.


Relaciono abaixo algumas destas designações retiradas de livros e das nossas pesquisas:
  • VGV – Valor Geral de Vendas é a designação para a somatória dos valores de venda de todas as unidades de um empreendimento imobiliário. Se temos um empreendimento com 24 unidades e estas estão sendo vendidas por R$ 200.000,00 mil cada, temos um empreendimento com o VGV de R$ 4.800.000,00 milhões;
  • CUB – Custo Unitário Básico da Construção, que reflete a variação mensal dos custos de materiais e mão-de-obra, através de metodologia própria estabelecida em norma brasileira editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Os valores do CUB são importantes para identificação preliminar dos custos das edificações, dos empreendimentos, projetos, normalmente sendo usados no desenvolvimento da viabilidade dos empreendimentos;
  • INCC - Índice Nacional de Custo da Construção, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, com finalidade de apurar a evolução dos custos das construções habitacionais. Normalmente é utilizado no mercado imobiliário para correção dos contratos de compra de imóveis, enquanto a obra está em execução. Assim, as correções nas parcelas das unidades adquiridas na planta, são corrigidas por esse índice;
  • IGPM - Índice Geral de Preços do Mercado é o indicador de movimento dos preços calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, e divulgado no final de cada mês de referência. É o índice utilizado no mercado imobiliário para correção nas parcelas após entrega das unidades e usualmente na correção de alugueis;
  • Incorporação Imobiliária – De forma mais simples, poderíamos considerar que seriam as atividades desempenhas para formalizar junto a matricula do imóvel a incorporação de um empreendimento imobiliário a ser vendido totalmente ou parcialmente. Ou ainda, de forma mais técnica é o conjunto de atividades exercidas com a finalidade de construir ou promover a construção de edificações ou conjunto de edificações, bem como a sua comercialização, total ou parcial, compostas de unidades autônomas que, em seu conjunto, formam um condomínio;
  • Especulação imobiliária – Entendo que seria a ação dos proprietários de terrenos em manter suas áreas desocupadas aguardando a valorização de sua circunvizinhança, seja através da melhoria na infraestrutura ou seja pelo próprio crescimento imobiliário na localidade. Ou seja, o especulador imobiliário só desenvolverá algo em sua área quando houver uma consolidação do mercado imobiliário ao seu entorno. Diferente do que alguns acham que seria quanto a desenvolver grandes empreendimentos imobiliários;
  • Bolha imobiliária – Terminologia que passou a ser usada após crise do mercado imobiliário americano. A “bolha imobiliária” seria o ápice do problema de oferta e procura no mercado imobiliário, onde teríamos um crescimento acelerado na oferta de empreendimento sem o acompanhamento da compra destes, além do problema com grande oferta de imóveis, a bolha surgiria da supervalorização dos imóveis, da falta de crédito e da insegurança jurídica do mercado, por exemplo.

O conhecimento de algumas designações servirá para maior entendimento do próprio mercado, seja para a conversa em um estand de vendas, seja para a concretização de um contrato de compra e venda de um imóvel. Sugiro que a busca para o entendimento de outros conceitos seja contínua e diversificada. Aqui pretendemos apenas dar o pontapé inicial.

Matéria publicada originalmente no jornal Cinform no dia 19/10/2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura


sábado, 10 de outubro de 2015

Aracaju: Mercado de 77 mil imóveis

08:00
Como consultor e responsável pelo desenvolvimento de muitos empreendimentos no mercado imobiliário, sigo a rotina de sempre buscar informações sobre novidades, tendências e dados que possam somar, e mesmo, multiplicar quando da criação de um novo projeto ou consultoria de nossas empresas. Agora, fiquei surpreso quando dei início a leitura da reportagem publicada sobre o mercado Sergipano na edição n. 170 de setembro da Construção Mercado, pois não sabia que tínhamos uma demanda de 77,4 mil unidades habitacionais, dado esse fornecidos ao jornalista Rodrigo Petry pela Fundação João Pinheiro em parceria com o Ministério das Cidades e outras entidades.


Continuei a leitura e vi que esses dados são de 2012, mas apesar de passados 03 anos, seria possível identificar que não reduzimos pouco essa demanda, e ainda que tal número tem uma representatividade muito grande já que equivale a aproximadamente 12% da população aracajuana, e observe que não faço equivalência da quantidade de pessoas que residiriam nestas unidades. Aprofundando mais este dado, a reportagem nos apresenta que das 77,4 unidades demandadas, aproximadamente 64 mil unidades estariam na linha do Minha Casa Minha Vida e pouco mais 13,4 mil unidades estariam enquadras nos diversos padrões de unidades habitacionais.

Apesar de não esquecer o cenário político e econômico do nosso País, e de forma local, do nosso Estado e Município, acredito plenamente que estes números nos mostram a possibilidade de crescimento contínuo do mercado imobiliário local, mesmo que não tão acelerado como no passado. Tal afirmação alinha-se aos dados da reportagem citada e a fatos mais claros no nosso dia a dia, ou seja, fatos que percebemos na própria evolução da cidade, como a vinda de pessoas de outras localidades do Brasil para morar em Aracaju, e o próprio crescimento da capital sergipana e da sua população.


Após maior envolvimento com os números apresentados na reportagem, e outras pesquisas, todos os envolvidos no mercado imobiliário podem e devem deixar claro que os próximos passos a serem dados é o de identificação deste público demandante das 77 mil unidades. Quem seriam realmente estas pessoas? Quais tipos de empreendimentos desejam, sonham e podem adquirir? Quais as localidades mais desejadas? E acima de tudo, como identificar esse potencial e transformá-lo em resultado para o próprio mercado, para a própria cidade?

Chamo a atenção que tal reportagem deve ser bem analisada e vista pelas entidades públicas, visto que o desenvolvimento urbano aracajuano obrigatoriamente passará pelo crescimento do próprio mercado imobiliário, e a melhor solução da equação entre o crescimento e o mercado será o diálogo entre seus atores, buscando atender e ser atendido.

Enfim, muito ainda deve ser feito para o contínuo crescimento do mercado, e consequentemente, da cidade, não esquecendo dos desafios em projetar com responsabilidade, de forma sustentável para o meio ambiente e com o pensamento no futuro de nossa malha urbana.

Matéria publicada originalmente no jornal Cinform no dia 05/10/2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Tendências do passado?

08:00
A dinâmica do mundo moderno nos traz elementos do passado como respostas ao presente. Ou poderíamos ressaltar que são problemáticas da dinâmica moderna que requerem soluções passadas.

Os elementos retrôs destacam-se em todos as áreas, seja na moda, na arquitetura, na decoração, e mesmo na tecnologia. Além dos elementos, situações passadas podem e servem como aprendizado ao futuro, como experiências vividas que retomam para demonstrar o que já existia. Assim, segue o pensamento de que o país já passou por crises e algumas soluções podem retomar, seja através de concepções inovadoras ou do aprendizado adquirido. No entanto, nunca podemos deixar de observar o que realmente seria adequado às novas realidades.


Diante de ações ou cenários passados, arrisco afirmar que o financiamento direto com as construtoras/incorporadoras retomará com destaque, já que as linhas de crédito com as instituições financeiras estão cada vez mais restritas ou com taxas mais elevadas. E ainda, para o construtor/incorporador será uma solução para manter seus clientes e reduzir as taxas de destrato, que hoje, estão aumentando. Antes dos avanços do crédito imobiliário, esta solução era quase que exclusiva do mercado imobiliário. Financiar diretamente o imóvel foi uma solução empregada por anos e só perdeu força quando o poder de atração dos financiamentos bancários estava em alta (crédito farto, baixos juros e facilidades). Agora, é bom destacar que nem todos os empreendedores terão fôlego financeiro para financiar seus lançamentos, e assim, mesmo não estando mais atrativos, as instituições ainda serão uma opção.

Outro fato que deve mudar ou retomar, será o aumento na locação de imóveis. Também, em decorrência das dificuldades nos financiamentos. Acredito que a alta de juros levará as parcelas dos financiamentos para valores muito superiores ao que os compradores dos imóveis estavam preparados a pagar, e assim, os novos clientes pensarão se comprarão determinado imóvel ou se optarão pela locação de um imóvel semelhante pagando o aluguel com parcelas idênticas, e até mesmo inferiores. Alguns especialistas sempre defenderam que a locação de imóvel é uma excelente alternativa, já que há uma maior flexibilidade quanto a mudanças, a depreciação do bem não atinge ao inquilino, e acima de tudo, os valores de locação podem ser atrativos quando comparados aos valores de parcelas de financiamento em cenários de juros altos.


Em meio às incertezas, não tenho dúvida que o financiamento direto com os empreendedores e os contratos de locação retomarão com força, caso o cenário nacional continue nebuloso como hoje. Agora, optando por estas alternativas, sugiro que o cliente comprador sempre pesquise e avalie as melhores opções. Quem sabe, questione aos mais velhos como no passado o mercado se comportava, afinal, a tendência de hoje pode ser a solução do passado.

Matéria publicada originalmente no jornal Cinform no dia 31/08/2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura


segunda-feira, 27 de julho de 2015

A criação de um lançamento de sucesso não está apenas no projeto

10:14
Em meio ao pessimismo do mercado e o cenário controverso, vê-se que alguns empreendimentos ainda continuam em destaque no mercado imobiliário, seja nacional, ou local. Tal fato está atrelado a inúmeros fatores, os quais já apresentados anteriormente, como o cuidado no desenvolvimento dos projetos, a identificação de demanda e localização estratégica. Entretanto, os fatores que norteiam o desenvolvimento inicial do produto imobiliário não devem ser encarados como sendo as únicas ações para atingir o sucesso de qualquer empreendimento, mas sim, a mola mestra, o ponto de partida para o sucesso.


Passada a fase de identificação da conceituação, viabilidade e desenvolvimentos dos projetos, chega o momento mais esperado por todos os envolvidos no mercado imobiliário: a hora de lançar o produto e encarar a aceitação dos clientes. Nesta fase, o produto já foi todo concebido, já teve sua demanda identificada, já levantou seus custos e valores de venda, seus pontos fortes e oportunidades de melhoria, ou seja, já se tem todo o cenário idealizado do empreendimento. Mas qual seria o próximo passo? Apenas lançar o produto colocando no mercado? Quais as estratégias a serem planejadas para o lançamento? O que fazer? São questões importantes de marketing imobiliário e comercialização que se somam ao resultado final. É o momento de expor a vitrine no mercado. O fato é que tudo que foi planejado pode vir por água abaixo se este ciclo não for cuidadosamente pensado como os primeiros.

Cada produto deve ser elaborado de forma diferenciada, respondendo ao que foi idealizado, no entanto, alguns pontos devem ser encarados como característicos a qualquer lançamento:

Fundo vetore desenhado por D3images - Freepik.com
  • O produto não deve ser lançado sem as devidas aprovações e registro de incorporação junto ao cartório;

  • As representações tanto gráficas, como através de maquetes físicas devem sempre seguir o que realmente será entregue;

  • As campanhas publicitárias devem surgir das identificações e demandas do produto e seu público alvo;

  • As campanhas devem ser criativas e que desperte o interesse do público alvo, evitando campanhas massivas e generalistas;

  • Definir bem sua equipe de vendas e suporte a vendas;

  • Treinar sua equipe de vendas de maneira técnica e produtiva, já que o atendimento ao cliente é o ápice da apresentação do produto;

  • Definir de forma clara as condições de comercialização, possíveis promoções e descontos;

  • Destacar e lembrar que o produto deve ser apresentado com as empresas que se envolveram com todo o processo, dando maior confiabilidade e profissionalismo;

  • Preocupar-se com a venda e o pós-venda, atendendo todas as demandas do cliente;

  • Sempre destacar a obra e sua qualidade, já que a execução é a realização do sonho adquirido.

Ainda seria possível elencar outros pontos, e até mesmo destacar fatores que fazem parte dessa fase de lançamento do produto. Entretanto, estes relacionados acima já representam de forma clara que para alcançar o sucesso dos projetos, não seria suficiente apenas as preocupações iniciais.

Enfim, sugiro que releia as atividades acima descritas para que haja um processo de memorização e relacionamento com os lançamentos já realizados no mercado sergipano. Seria possível identificar algumas falhas e acertos de nossos produtos. Se for comprar, se atente aos cuidados tomados com o imóvel. E se já comprou, reflita se você comprou o empreendimento ou seu processo de criação.

Matéria publicada originalmente no jornal Cinform no dia 27.07.2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Onde encontra a validação

08:00
Diariamente tudo e todos são avaliados e julgados de diversas maneiras e formas, o que não seria diferente no mercado imobiliário e seus empreendimentos. Tal afirmativa vêm com mais força no momento em que o pais se encontra, onde “nada está bom”, “não se vende nada” e o pessimismo impera. Alguns anos atrás tinha-se credito farto para construtores e compradores, e assim, as avaliações e julgamentos não entravam em pauta a ponto de definir a compra de um imóvel. Por um tempo razoável o cliente só se preocupava com a liberação do financiamento, e já os construtores, só se preocupavam em lançar o produto que seria vendido, independentemente de sua qualidade. 


A dinâmica do mundo e outra, é o momento de adotar estratégias e pontos de avaliação diferentes, compreender melhor os clientes, para assim torna-se capazes de aprimorar os produtos. Esta busca em compreender o cliente melhor não está atrelada em mais quantidade de trabalho e sim em trabalhar com mais inteligência, afinal, identificar as necessidades reais dos clientes permite que os esforços sejam recompensados. Parte da identificação e melhor compreensão dos clientes passa na avaliação do passado, no aprimoramento das métricas de avaliação dos produtos já lançados, dos erros e acertos, dos sucessos de vendas e da lentidão das vendas. Expondo esse pensamento é possível afirmar que persistir em um produto que foi sucesso no passado, pode ser um erro diante do novo mercado, pois, o cliente juntamente com o produto pode e deve ter aprimorado as expectativas e resultado.

Hoje, a facilidade de acesso as informações aproxima cada vez mais empresas e clientes, como também os afasta, afinal, nunca foi tão fácil recriminar ou criticar de maneira abusiva o erro de uma empresa ou prestador de serviço. As redes sociais tornaram-se a fonte da avaliação para todos, basta postar uma foto ou uma informação, e pronto! Já está sendo avaliado, criticado, elogiado e julgado. Há uma máxima em que um cliente satisfeito atingi até três pessoas, já um cliente insatisfeito atingi dez ou mais pessoas, e olhe que está máxima é antiga, da época que não havia o facebook.

Tem-se de forma costumeiras inúmeras críticas a empreendedores que desenvolvem projetos com muitas unidades, as vezes pequenos, com estética não tão apurada ou impondo arquitetura de outras localidades. Se fazem dessa forma, é porque a legislação permite, e principalmente, conseguiram identificar sua demanda, tendo aceitação de seus produtos. Avaliar não é apenas dar sua opinião, é ter ou criar opinião a partir de várias informações acerca do assunto. Antes de valida-la, seria justo entender tudo envolvido na criação do empreendimento, na estratégia da empresa, no mercado alvo, dentre outros. O que não dá mais, é persistir com erros ou não aprender com as validações de seus produtos, positivos (de sucesso) ou não.


No Brasil é comum o erro ser encarado como fracasso, no entanto, quase sempre esse fracasso traz aprendizado e melhorias para ações futuras. Quem não sabe de alguma empresa que teve problemas no passado e conseguiu dar volta por cima, que não vendeu determinado produto e depois seu próximo lançamento foi um sucesso. Não se deve entrar no mérito da honestidade ou confiança, e sim do aprendizado com as avaliações do passado.

O conceito da arquitetura pensada, exposto no artigo passado, destaca a busca por um projeto viável e factível, e está entrelaçada com as avaliações e validações do mercado e do urbanismo. Desenvolver um projeto é validar uma análise do produto lançado ou em criação, identificando para quem se destina, quais suas condicionantes de aplicabilidade, funções, questões legais, estética, viabilidade econômica, dentre outras. Tais variáveis e predeterminações devem vir das validações do passado, das avaliações de novas tendências, além das estratégias e serem empregadas, e assim, o produto será escolhido pelo cliente seguindo respostas à seus anseios, e não mais apenas a prerrogativa cultural de comprar um imóvel para alcançar certa estabilidade, ou comprar porque o orçamento cabe no bolso.

Matéria publicada originalmente no jornal Cinform, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura



segunda-feira, 13 de julho de 2015

Projetos e a viabilidade econômica

08:00
Como desenvolver um projeto sem antes ter conhecimento dele? Em artigos anteriores foi falado da ARQUITETURA PENSADA e de VALIDAÇÃO, agora, é o momento de convergir estes apontamentos a um dos pilares fundamenteis no desenvolvimento dos projetos: a VIABILIDADE ECONÔMICA. Esta nova atividade relacionada ao desenvolvimento de projetos segue entrelaçada a toda vida do empreendimento. Seja no princípio dos estudos, quanto às breves conceituações econômicas do empreendimento, seja com a confirmação dos valores apresentados na conclusão dos projetos, ou ainda na fase final, com o lançamento e acompanhamento das vendas.


De forma mais simples e sem envolver apontamentos complexos e acadêmicos, a VIABILIDADE ECONÔMICA do empreendimento deve ser encarada como o reflexo do custo benefício. Esta relação do CUSTO x BENEFÍCIOS vem tomando grande destaque no momento de decisão dos consumidores, em virtude das dificuldades financeiras que o pais passa, e não seria diferente para empreendedores e empresários. Definir a aquisição de um bem, o investimento em determinada área, a aplicação financeira e a criação de um empreendimento, devem passar pelas validações da VIABILIDADE ECONÔMICA.

Agora, dando ênfase ao mercado imobiliário e o desenvolvimento de projetos, as incorporadoras e profissionais da área devem entender o quanto primordial é a interdependência de suas atividades para com o mercado. Expondo de forma mais clara esta interdependência, é fato que quando uma área é escolhida para o desenvolvimento de determinado empreendimento, a primeira coisa a ser feita é a avaliação do terreno, a infraestrutura existente, as condicionantes legais e dificuldades técnicas. Na definição do produto tem que se que verificar o conceito a ser empregado, a tipologia a ser desenvolvida, a quantidade de unidades a ser trabalhada, o valor destas unidades e sua regularização. No lançamento do empreendimento deve-se confirmar a forma de apresentação do produto, as condições de comercialização, os investimentos com marketing, vendas e, o maior investimento do empreendimento, o início de suas obras. As descrições acima podem relacionar as etapas de um empreendimento com seu planejamento inicial, suas discussões no desenvolvimento dos projetos e suas validações ao início das vendas. Mas como a VIABILIDADE ECONÔMICA se comportaria e o por que ela teria de acompanhar todas as etapas?

Para a etapa inicial dos projetos e definições, a VIABILIDADE ECONÔMICA deverá identificar se o empreendimento a ser idealizado, em virtude de sua localização e valores de venda, poderá assumir todos os custos relacionados ao terreno, como a sua aquisição, infraestrutura e os custos com as próprias edificações. Assim, nesta fase tem-se a conta de partida, onde o Valor Geral de Venda do projeto deve cobrir todos estes custos e ainda dar o resultado esperado para o empreendedor, ou seja, deve ser feita a conta básica se os custos mais o lucro serão pagos pelas vendas das unidades. Na etapa de desenvolvimento, onde entende-se que as premissas básicas já foram atendidas, a VIABILIDADE segue norteando os projetos, os acabamentos do empreendimento e decisões quanto a mudanças e adiamento para o prazo de lançamento. Para a fase de lançamento e vendas, a viabilidade deve nortear as condições de marketing e vendas, quanto ao acompanhamento da comercialização, além da obra que será a fase de maior envolvimento com o acompanhamento econômico do empreendimento, afinal é esta a fase que envolve os maiores custos e aonde a falta de controle pode prejudicar consideravelmente o empreendimento.


Tornar um empreendimento viável economicamente é criar e gerir todas as etapas do projeto respondendo às interferências das atividades e, acima de tudo, planejando cada etapa. Os profissionais do mercado imobiliário, independentemente de seu envolvimento, devem sempre indagar qual será seu CUSTO e qual será o BENEFICIO a serem agregados com seu envolvimento na criação de empreendimentos.

Matéria publicada originalmente no correio de Sergipe no dia 13/07/2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura

O cliente sabe realmente o que quer?

08:00
O título pode confrontar pensamentos anteriores, apresentados nos últimos artigos, contudo tal questionamento deve ser encarado, justamente, para reforçar a importância das inúmeras análises e variáveis no desenvolvimento de um projeto, de um produto imobiliário, ou quaisquer atividades comerciais a serem desempenhadas. Muitas vezes o cliente não sabe dizer o que precisa, mas conhece muito bem os seus problemas.
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A falta de conhecimento sobre os próprios desejos, aliado ao profundo entendimento dos problemas e limitações que cada um possui, devem ser encarados de forma coesa. Esta máxima de que “o cliente não sabe o que quer”, pode ser atribuída ao inovador e empreendedor, Steve Jobs. É dele a célebre colocação: “as pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas”. Por isso, inovar e criar mecanismos para que o cliente descubra novas soluções diante de um produto imobiliário, é o desafio. Tenho certeza que ninguém imaginava como os Smartphone tornaram-se uma peça fundamental do vestuário. Basta sairmos de casa sem ele que já sentimos que está faltando algo. A inovação e a criação sempre seguiram a evolução da humanidade, seja com a tecnologia de Steve Jobs, seja nas cidades e na construção civil. No entanto, a dinâmica urbana do mundo moderno costuma atropelar a busca por melhorias no desenvolvimento de novos empreendimentos, das soluções urbanas e de infraestrutura. Esse desenvolvimento acelerado vai na contramão quanto a atender aos anseios dos clientes, mas seguem atendendo aos interesses econômicos e políticos de alguns, os quais não serão tratados aqui.

O mercado imobiliário impulsionado nos últimos anos pelo crédito farto e a crescente linha de financiamento bancário, por algum tempo deixou de lado a inovação e a busca em identificar o que o cliente queria, pois, estava claro que o comprador só queria algo que pudesse pagar, que estivesse ao seu alcance financeiro. Agora, com a mudança de cenário, as empresas devem investir fortemente nos pontos de identificação quanto ao que o cliente quer, o que podem desejar e ainda nem conhecem.

É fato que o desejo por imóveis sempre seguirá lado a lado com a necessidade e limitações de ambos os lados (clientes e incorporadores), além dos fatores técnicos intrínsecos ao produto imobiliário. Contudo, é possível trabalhar empreendimentos que alinhem variáveis dos desejos dos clientes em um único produto. Um exemplo foi o empreendimento residencial lançado em 2014 aqui em Aracaju, o Smart Residence. Este case ilustra bem o alinhamento entre características predeterminadas de certos produtos a projetos diferenciados, atendendo ao desejo do cliente, afinal sua localidade permite que o morador tenha um apartamento de frente para o mar (características de empreendimentos de luxo), compactos (características de empreendimento populares em Aracaju), lazer diferenciado (características de empreendimentos clubes), além de condições de aquisição acessível (preços praticados em empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida).


Smart Residence
No encontro do rio com o mar, onde a natureza criou um dos mais belos cartões postais de Aracaju, escolhemos o cenário perfeito para proporcionar a você, conforto, segurança e qualidade de vida. O Smart Residence está localizado a poucos metros da praia...

Resumidamente, seria possível criar o desejo por determinados produtos imobiliários, sabendo identificar os problemas desse mercado, sabendo imaginar e criar algo novo para que o profundo desejo seja despertado. Será que nos projetos mais tradicionais da capital sergipana e de outras cidades, a resposta de atender ao que o cliente quer foi alcançada? Não há problema nenhum em não saber o que se deseja, ou que se quer. O cliente não é o especialista do negócio, essa atribuição são dos envolvidos com o mercado, os profissionais, empresas e instituições que vivenciam os problemas dos clientes, dos empreendimentos, da urbanidade e das cidades.

Enfim, segue-se a busca em responder o que realmente o cliente quer. A mola mestra não é apenas a solução a ser dada, mas as dúvidas antecipadas e dissipadas com estudo, dedicação e compromisso em se fazer o melhor.

Matéria publicada originalmente no jornal Cinform no dia 13.07.2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Arquitetura pensada

08:00
Diante da atual dinâmica urbana, do crescimento desenfreado de alguns núcleos urbanos e o avanço tecnológico na construção civil, os estilos e caraterísticas da arquitetura de forma geral vêm passando por profundas transformações, por um processo de transição, onde parte do seu DNA relacionada à estética e arte foi substituída por um processo utilitário da cultura industrializada. A arte arquitetônica que refletia nos estilos e movimentos das cidades, perdeu espaço para grandes fábricas de projetos, ainda mais com os adventos tecnológicos como a produção em massa de projetos através dos meios eletrônicos e tecnologias construtivas como placas concreto. 


Pressionados tanto por um mercado que exige mais e com mais padronização, como por uma legislação retrógrada e incerta, os arquitetos hoje esmagam sua criatividade (as vezes confundidas como arte pura) e se entregam a uma condição de arquitetura que poderia ser intitulada como Arquitetura Empírica, desenvolvida puramente para satisfazer o imediatismo do mercado. A falta de identidades urbanas é um reflexo dessa aplicação desenfreada do processo de arquitetura fabril, empírica.

O desenvolvimento de projetos passa por inúmeras interferências, tudo deve ser levado em consideração quando do desenvolvimento arquitetônico de uma edificação, não esquecendo das demandas dos clientes, mas também lembrando do seu envolvimento com a localidade, com a cidade, suas relações de custo, sua viabilidade financeira, sua estética, suas orientações solares, seu conforto térmico e acústico, as tecnologias empregadas, as limitações legais, a acessibilidade, e assim segue. Além disso, a associação de todas essas variáveis à um traço estético e estilístico, a movimentos culturais locais e globais é uma tarefa essencial que precisa ser resgatada, pois esta cria significado e inspira e cria sensações nos moradores e o no entorno de cada arquitetura.

No contraponto à arquitetura acima descrita como empírica, é possível ousar em denominar um novo conceito, a ARQUITETURA PENSADA? Afinal, o projeto quando concebido é idealizado para sua construção e deve atender inúmeras relações e interferências já relatadas, e agregar todo empirismo e relações de utilidade e função, mas ir além. “Pensar na arquitetura” a ser empregada é responder com conhecimento de forma técnica a interferências da dinâmica das vidas das pessoas e da cidade e construir significados estéticos que tocam e não se tornam indiferentes para as pessoas. A ARQUITETURA PENSADA como resposta a dinâmica dos dias atuais, só seria identificada quando da construção da obra, ou seja, quando os projetos definitivamente passam a fazer parte da vida das pessoas e da cidade, quando as interferências passam a envolver-se com o projetado, com o idealizado.


Assim como o Urbanismo para negócios, onde identifica-se a relação dos projetos para com os envolvimentos urbanos, a Arquitetura Pensada relaciona linhas conceituais à funcionalidade e viabilidade econômica financeira do projeto. Resgatar grandes traços com funcionalidade e viabilidade econômica é ir além da Arquitetura Empirista, pois significa dar saltos de criatividade e inovação em cada projeto.

Enfim, as obras que surgem foram viabilizadas de alguma forma, e esta forma deverá responder através da ARQUITETURA PENSADA e não apenas com desenhos arquitetônicos técnicos e sem vida.

É fato que, para os estudantes e profissionais da área, é mais fácil identificar e relacionar os projetos aos seus criadores, porém, com o tempo e o conhecimento das obras, a população também passa a reconhecer certas características destas obras e relaciona-las ao arquiteto ou escritório de arquitetura responsável. E acima de tudo, com as novas regras dispostas pelo Conselho de Arquitetura, onde a indicação de responsabilidade técnica em placas e anúncios e outros elementos de comunicação, será possível um maior reconhecimento dos profissionais, seus traços e características, ou seja, um maior reconhecimento do que é ressaltado aqui, as obras e seus criadores.


Portanto, se a Arquitetura Pensada for aplicada e impulsionada por seus atores, é possível que tenhamos mais significado e vida para as cidades, sem perder o olhar financeiro e funcional e como consequência, teremos mais nomes de profissionais que serão facilmente identificados por suas obras. Novos arquitetos de destaque surgirão, mas para isso o conceito de Arquitetura Pensada precisa estar enraizado em cada novo arquiteto, em cada novo escritório.

Matéria publicada originalmente no jornal Cinform no dia 08/07/2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Mercado imobiliário e tendências

08:00
Com o período pós-feirão da Caixa Econômica Federal foi possível criar expectativas de que o mercado imobiliário sergipano reage à altura do cenário econômico desafiador. Foi possível identificar que alguns empreendimentos se destacaram com preços diferenciados, condições condizentes com a demanda, produtos de boa qualidade, e principalmente, com grande esforço de venda das incorporadoras.

Agora, apesar desse fôlego, o momento para as incorporadoras e seus empreendimentos não repetirá os anos passados, visto que no período de 2010 a 2013, principalmente com a condição do crédito imobiliário mais acessível, o mercado teve uma grande alavancagem, onde qualquer produto atrairia os olhares do consumidor. Apesar de que, se retomada um pouco mais a memória de anos anteriores à política de crédito imobiliário e abertura de capitais das incorporadoras /construtoras, vê-se que não se tinha tanto pessimismo no mercado. Este momento, que assusta a muitos, pode ser encarado como mais uma fase de incertezas e expectativas, e sem sombra de dúvidas, é o momento de produzir produtos com qualidade, inovação, valores e diferenciais a serem agregados e, principalmente a identificação de demandas.


Diante deste cenário de expectativas, alguns produtos vêm assumindo papel de destaque no mercado imobiliário nacional, e que deverá proliferar-se por outros mercados, como o sergipano. Desde 2013, e principalmente, em 2014, os apartamentos compactos e com serviços têm atraído os olhares de compradores e investidores, já que suas metragens quadradas e localizações estratégicas fazem com que seu preço final se alinhe à renda do público consumidor. Com áreas variando entre 30 a 75 m², os apartamentos denominados ‘compactos’ enquadram-se no tamanho das famílias modernas, que possuem menos integrantes, e estão cada vez mais atreladas ao ritmo frenético e dinâmico das cidades. Normalmente com apenas 02 quartos, estes empreendimentos trazem em seu DNA a comodidade e a maior relação entre apartamentos e áreas comuns, já que algumas destas áreas comuns passam a complementar áreas dos apartamentos, como espaços para lavanderia substituindo grandes áreas de serviços e home office ou lan house, substituindo o terceiro quarto e que pode ser usado para tal fim, por exemplo.

Além das inovações internas e arquitetura com traços diferenciados, estas novas tendências de apartamentos compactos também sugiram em áreas consolidadas da cidade, em bairros onde os terrenos são menores, mais escassos, porém, contam com toda infraestrutura urbana. Ou seja, os próximos empreendimentos devem interagir mais com seu entorno, relacionando sua composição e público alvo, ao local onde será inserido. Deve-se aliar a infraestrutura do bairro já consolidado aos diferenciais do produto. Seria desenvolver um projeto inovador e diferenciado em uma localidade que possa oferecer serviços, comodidade e segurança. Seria integrar o empreendimento à cidade, não evoluindo o projeto de forma individual e desconexa. Para ilustrar melhor, é possível identificar inovadores lançamentos no centro de cidades como São Paulo e áreas urbanas consolidadas, como a região do Iguatemi em Salvador.

Enfim, mesmo lançando apenas empreendimentos mais econômicos, como os atendidos no 11º Feirão Caixa da Casa Própria, ou buscando novas tendências com apartamentos compactos e diferenciados, conclui-se que o momento das incorporadoras e construtoras é de se aperfeiçoarem, terem mais controle de suas ações, maior transparência com o mercado e investidores, maior planejamento em prospecção de novos produtos e gestão de vendas.

Matéria publicada originalmente no correio de Sergipe no dia 01/05/2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura

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